Ser Miss é ser assim...

" Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das ideias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes... tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração.
Não me façam ser quem eu não sou.
Não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente.
Não sei amar pela metade.
Não sei viver de mentira.
Não sei voar de pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para sempre."

Clarice Lispector

17.11.10

Mães Más


Quando li esse texto pela primeira vez, já faz um bom tempo, não pude deixar de pensar na mãe hiper má que tive e no quanto penso em ser muito parecida na educação dos meus filhos.
Lembro das noites que ia dormir chorando, acordava com os olhos, rosto e tudo mais inchado de tanto desespero e quando me perguntava o porquê, muitas vezes, nem lembrava o motivo de tamanha "loucura".
Meus pais sempre foram muito presentes em minha educação. Fui daquela educada pelo olhar, mas quando o olhar não dizia, o chega junto acontecia. Nunca precisei apanhar (muito) mesmo porque sempre fui assim, meio sensível demais e um olhar feio, mais rigoroso, já me fazia querer morrer de arrependimento.
Não sei exatamnete qual a receita, mas deu certo. Fui uma menina educada, que não faltava com educação aos mais velhos, não falava com estranhos, nem falava muito com conhecido, era super tímida. Meus pais sempre conversaram muito comigo e por pior que fosse a situação que me metia, sempre contava para minha mãe, mesmo sabendo que iria decepcioná-la. Contava e o que me deixava mais triste e aliviada é que ela me ouvia, olhava com aquele jeitinho de reprovação, mas no fundo com ar de serviço feito, pois estava lá, confiando meus medos e erros a ela. Então conversávamos ainda mais, ela me repreendia, dizia que tinha agido errado e me deixava livre para resolver o problema.
Coisa mais simples, é meu desejo em fazer uma tatuagem, que alimento desde os 16 anos. Uma pequenininha, escondida...mas nunca fiz! E acho que nuca farei. Lembro que sempre que falo nisso, que acho legal e tal, minha mãe sempre diz exatamente e a mesma coisa. " Ah filha, pensa bem, a vida é sua, é você que escolhe, mas não gosto, não." Nunca proibiu, nunca gritou, os escândalos vinham da adolescente aqui, mas ela sempre firme e forte, foi o que bastou, para que o respeito fosse mais importante do que o desejo bobo.
Já dizia o 4º mandamento "Honrar pai e mãe" - acho que no mundo atual isso falta. Pais é que estão honrando, obedecendo e cedendo demais aos caprichos dos filhos. Deixam de dizer não, de mostar o caminho mais certo, de nos fazer chorar, sozinhos, pois esses momentos (sozinha, no quarto) foram fundamentais para que o melhor fosse escolhido, porque quando se é criança, jovem e até adulto, ninguém sabe o que é melhor, a não ser aqueles que mais nos amam, amam tanto a ponto de chorar, de dar a vida por nós, e para isso é preciso ser forte, justo, sincero e coerente. É preciso ser mau, porque de bonzinho que passa a mão na cabeça, que fica buscando desculpas, que assume erros que não são seus, isso tá cheio... Educar é uma arte, é um dom, que não é para qualquer um!
Espero conseguir ser tão firme um dia e não deixar de lado os exemplos que tive de meus pais, eles fizerem de mim uma mulher de caráter, de princípios e de muitos sonhos de felicidade e com muita força para não desistir!



“Um dia quando meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e mães, eu hei de dizer-lhes: Eu os amei o suficiente para ter perguntado aonde vão, com quem vão e a que hora regressarão.
Eu os amei o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer com que vocês soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia.
Eu os amei o suficiente para os fazer pagar as balas que tiraram dos supermercados ou revistas do jornaleiro, e os fazer dizer ao dono: “Nós pegamos isto ontem e queriamos pagar”.
Eu os amei o suficiente para ter ficado em pé, junto de vocês, duas horas, enquanto limpavam o seu quarto, tarefa que eu teria feito em 15 minutos.
Eu os amei o suficiente para os deixar ver além do amor que eu sentia por vocês, o desapontamento e também as lágrimas dos meus olhos.
Eu os amei o suficiente para os deixar assumir a responsabilidade das suas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração.
Mais do que tudo, eu os amei o suficiente para dizer-lhes NÃO, quando eu sabia que vocês poderiam me odiar por isso ( e em alguns momentos até odiaram).
Essas eram as mais difíceis batalhas de todas. Estou contente, venci... Porque no final vocês venceram também! E em qualquer dia, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e mães; quando eles lhes perguntarem se sua mãe era má, meus filhos vão lhe dizer:
“Sim, nossa mãe era má. Era a mãe mais má do mundo...
As outras criianças comiam doces no café e nós só tinhamos que comer cereais, ovos, torradas.
As outras crianças bebiam refrigerante e comiam batatas fritas e sorvetes no almoço e nós tinhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas. Mamãe tinha que saber quem eram nossos amigos e o que nós faziamos com eles.
Insistia que lhe disséssemos com quem iamos sair, mesmo que demorássemos apenas uma hora ou menos. Ela insistia sempre conosco para que lhe disséssemos sempre a verdade e apenas a verdade.
E quando éramos adolescentes, ela conseguia até ler os nossos pensamentos. A nossa vida era mesmo chata!
Ela não deixava os nossos amigos tocarem a buzina para que saissemos; tinham que subir, bater à porta, para ela os conhecer.
Enquanto todos podiam voltar tarde, tarde da noite com 12 anos, tivemos que esperar pelo menos 16 para chegar um pouco mais tarde, e aquela chata levantava para saber se a festa foi boa ( só para ver como estávamos ao voltar).
Por causa de nossa mãe, nós perdemos imensas experiências na adolescencia.
Nenhum de nós esteve envolvido com drogas, em roubo, em atos de vandalismo, em violação de propriedade, nem fomos presos por nenhum crime. Por causa de nossa mãe, nós perdemos imensas experiências na adolescencia.
FOI TUDO POR CAUSA DELA!
Agora que já somos adultos, honestos e educados, estamos fazendo o melhor para sermos “PAIS MAUS”, COMO MINHA MÃE FOI. Eu acho que este é um dos males do mundo de hoje: NÃO HÁ SUFICIENTES MÃES MÁS!
Aquelas que já são mães, que não se culpem, e aquelas que serão, que isso sirva de alerta!
(Dr. Carlos Hecktheuer, Médico Psiquiatra)





4 comentários:

Marcinha disse...

Ju, esse texto é simplesmente perfeito!!
Acho que mtas pessoas deveriam ler!!
Ainda mais nos dias de hj, onde vemos cada coisa absurda... pais matando seus filhos e vice versa!!
Onde está a educação que nós recebemos? Onde estão os limites... aliás... o que são limites?
Onde vamos parar?
Se me permitir, gostaria de copiar esse texto e enviar para algumas pessoas. Posso?
Bjocas

Grazi disse...

Conheço esse texto e ele é o certo, tem momentos q nós mães, pais, temos q ser duros, é difícil educar, não tem receita, nenhum manual a seguir, mas dar limites já é um começo....

Figos & Funghis disse...

Oi Jú, amei o texto e concordo plenamente com você! É isso mesmo, mães zelosas às vezes são julgadas por más, mas se é assim acho que também prefiro ser uma mãe "má".
Beijos flor!
Fabi

Maria disse...

Ju
Que lindo! Vi minha mãe em tudo! rsss
Bjos

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...