Ser Miss é ser assim...

" Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das ideias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes... tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração.
Não me façam ser quem eu não sou.
Não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente.
Não sei amar pela metade.
Não sei viver de mentira.
Não sei voar de pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para sempre."

Clarice Lispector

24.2.13

Lá vai minha filha...

Miss demais!
Que texto mais gracioso que transmite em palavras simples e doces desejos e sonhos que mães podem ter!
Adorei e me identifiquei, em minhas orações, minhas conversas sem palavras, meu encantamento pela minha princesa...
 
 
 
 
Lá vai minha filha quase voando no seu vestido etéreo.
Lá vai minha filha de olhos amendoados e pele macia. A menina que estreou a mãe em mim. A menina que chegou trazendo todo um universo de novidades: emoções, medos, encantamentos, aprendizados.
Crescemos juntas: eu aprendendo a ser mãe e ela aprendendo a ser ela mesma. Descobrimos duas palavras mágicas: ela me chamou mãe e eu a chamei filha. Palavras novas e tão viscerais que pacientes esperavam para se cumprir.
Éramos duas sendo uma em muitos sentidos. Carne da minha carne, fruto do meu amor, sonho dos meus sonhos. Ela me expandia e eu a protegia. Ela me dava a mão e eu todos os sumos. Ela me dava a eternidade e eu lhe dava asas. Ela me alargava o coração e eu lhe ensinava a caminhar sozinha. Ela me cobria de beijos e eu a cobria de bênçãos. Ela me pedia colo e eu lhe pedia sorrisos. Ela me traduzia e eu a decifrava. Ela me ensinava e eu lhe descortinava o mundo. Ela me apontava o novo e eu lhe ensinava lições aprendidas no passado. Ela me falava de fadas e princesas e eu lhe falava de avós e gentes. Ela me emprestava seus olhos encantados e eu rezava por um mundo melhor. Ela me tirava o sono e eu cantava para ela dormir. Ela me alegrava a vida e eu vivia para ela.
Quando um filho nasce começamos a nos despedir dele no mesmo instante. Nosso ele só é quando no ventre. Depois somos seus abrigos, seus condutores, seus provedores sem nunca esquecer que eles começam a ir embora no dia que nascem. No começo o tempo parece parar. A plenitude da maternidade e a dependência dos pequenos criam uma ilusão de que será assim para sempre. Mas não, eles crescem inexoravelmente em direção à independência.
Cumpre-se o ciclo da vida e é melhor que seja assim, caso contrário, significa que algo de muito triste, inverso ou perverso aconteceu.

Lá vai minha filha. Assim seja.
Olho seus olhos profundos e vejo os mesmos olhos que ainda na sala de parto me olharam intrigados, solenes, como que me reconhecendo, me convocando. Eu disse `sim` à minha filha, imediatamente, a segui desde aquele instante, entregue, eleita. O amor que eu senti foi tão avassalador e instantâneo que eu cheguei a ter medo. Sim, na hora que nasce o primeiro filho, a gente compreende a fragilidade da vida, a fugacidade das coisas e a passa a ter medo de morrer. O fato dela precisar de mim me tornava única, imprescindível. Eu não podia falhar, eu não podia morrer, afinal foi ela quem me escolheu. A partir dali, tudo mudou, meu espaço, meu papel, minha relação com o mundo adquiriu outra dimensão: eu era sua mãe!
Crescemos juntas. Somos amigas. Mãe e filha. Ao longo desses anos rimos, choramos, brigamos, resolvemos impasses, estreitamos laços, vencemos batalhas, enfrentamos noites escuras. Contamos uma com a outra, sempre. Às vezes era eu quem a socorria outras vezes era ela quem me amparava. Não foram poucas as vezes em que os papéis se inverteram e ela foi minha mãe. Às vezes me pergunto se eu dei a ela tanto quanto recebi. Sinceramente, acho que não. Desde o momento zero ela transformou minha vida e, num movimento contínuo, faz de mim uma pessoa melhor.
Lá vai minha filha. Apaixonada e confiante. Ensaiando vôos, escolhendo caminhos, encerrando ciclos.
Eu feliz, penso: cumpra-se!”

2 comentários:

Renata disse...

Eu já conhecia, é lindo!
Mas te leva às lágrimas quando vc vir ela indo mesmo... como a minha já foi.
É bom vê-la andando com os próprios pés, com a própria cabeça.
Mas a saudade... Sem palavras.
Beijo

Anônimo disse...

Lindo texto, que belas palavras, Ju!!! Só o que posso dizer é o quanto tenho certeza de que a Carolzinha é sortuda!!!Uma família abençoada, com muito amor para dar a ela, ensinando e transmitindo valores de forma única e especial, os quais serão lembrados carinhosamente por ela, assim como me lembro de minha mãe, avó e avô, que tanto fizeram por mim de maneira ímpar! Lembro-me de minha infância como se fosse ontem! Detalhes que só me fizeram feliz! E sinto que com a Carol será a mesma coisa! Pais zelosos, carinhosos, avós, padrinhos... Enfim...!!! Logicamente que posso falar com mais categoria sobre vc, a quem conheço melhor... Ela, definitivamente, teve muita sorte de ter uma Mãe como vc, com M maíúsculo em todos os sentidos!!!! Bjo!
Raquel

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