Adoro cozinhas. É o melhor lugar da casa, na minha opinião.
Estou iniciando uma construção e nas minhas visitas aos blogs de decoração, dou atenção especial às cozinhas.Essa aí, foi a melhor! Quem sabe a minha fica parecida..adoraria.
Outro dia ainda, li um texto retirado do Correio Popular de 2000 e "achei-me" capaz o suficiente para palpitar entre as palavras de alguém que sabe o que dizer...
"Nas casas de Minas a cozinha ficava no fim da casa. Ficava no fim não por ser menos importante mas para ser protegida da presença de intrusos. Cozinha era intimidade. É lugar de calor, não pelo fogo, mas pelas ideias que surgem e pelos desejos que tentamos saciar. E também para ficar mais próxima do outro lugar de sonhos, a horta-jardim. Pois os jardins ficavam atrás. Lá estavam os manacás, o jasmim do imperador, as jabuticabeiras, laranjeiras e hortaliças. Era fácil sair da cozinha para colher xuxús, quiabo, abobrinhas, salsa, cebolinha, tomatinhos vermelhos, hortelã e, nas noites frias, folhas de laranjeira para fazer chá. Consigo imaginar tal cena, sinto o cheiro dos jasmins, arriscaria, como desejo maior, pés de jasmim manga, meus favoritos. A beleza dos tomates , bem vermelhos pedindo para serem colhidos e utilizados para criar algo delicioso, uma horta, cheia de aromas, sabores e beleza, que mais podemos querer numa casa.[...]Faz tempo, num espaço meu, eu gostava de reunir casais amigos uma vez por mês para cozinhar. Não os convidava para jantar. Convidava para cozinhar. A festa começava cedo, lá pelas seis da tarde. E todos se punham a trabalhar, descascando cebola, cortando tomates, preparando as carnes. Dizia Guimarães Rosa: "a coisa não está nem na partida e nem na chegada, mas na travessia." Comer é a chegada. Passa rápido. Mas a travessia é longa. Era na travessia que estava o nosso maior prazer. A gente ia cozinhando, bebericando, beliscando petiscos, rindo, conversando. Ao final, lá pelas onze, a gente comia. Naqueles tempos o que já tinha sido voltava a ser. A gente era feliz.Compartlhar comentos assim ao lado de pessoas especiais não tem preço. A gente nem chega a comer de fato, as entradas, o experimentar, o deliciar, de olhos fechados, hummm... programa melhor não existe! [...] Sinto-me feliz cozinhando. Não sou cozinheiro. Preparo pratos simples. Gosto de inventar. O que mais gosto de fazer são as sopas. Vaca atolada, sopa de fubá, sopa de abóbora com maracujá, sopa de beringela, sopa da mandioquinha com manga, sopa de coentro... Você já ouviu falar em sopa de coentro? É sopa de portugueses pobres, deliciosa, com muito azeite e pão torrado. A sopa desce quente e, chegando no estômago, confirma...A culinária leva a gente bem próximo das feiticeiras.
por Rubem Alves e pretenciosamente dei meus palpites!
Um comentário:
Estou torcendo para que vc consiga sua cozinha.....e viva momentos gostos tb, cozinhando "com" seus amigos.....mto legal!!!!
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