Ser Miss é ser assim...

" Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das ideias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes... tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração.
Não me façam ser quem eu não sou.
Não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente.
Não sei amar pela metade.
Não sei viver de mentira.
Não sei voar de pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para sempre."

Clarice Lispector

21.4.11

Quinta-feira Santa

Páscoa é passar de uma vida centrada sobre nos mesmos, sobre o nosso egoísmo, para uma vida solidária. Portanto, o anúncio cristão não pára na cruz, mas em se contrói em todo caminho que percorremos ao lado de Jesus.  "Ele, que tinha amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim" (Jo 13, 1)
Vamos acompanhar os gestos praticados por Jesus no lava-pés. Este aconteceu numa refeição. Estar ao redor de uma mesa é sentar-se e partilhar as alegrias, as angústias, as emoções..., também algo para comer. Penso exatamente dessa forma, convidamos para nossa mesa, aqueles que compartilham de nossas alegrias e tristezas, que nos apoiam e fortalecem nossa vida.



 Ele nos diz que é preciso sair do nosso egoísmo, mobilizar-se, ir ao encontro dos outros. É muito difícil abrir mão de nossos próprios desejos e focar nossas atitudes no outro, principalmente naquele que mais precisa e que menos "pensamos" em ajudar.
Jesus se esvazia de si mesmo e coloca-se na condição de servo. Ele nos ensina sobre a necessidade de despojar-se de tudo o que divide, dos fechamentos, das barreiras, dos medos, das inseguranças, que nos bloqueiam na prática do bem.
 Jesus põe o avental para servir. "Aquele que era de condição divina, humilhou-se a si mesmo" (Fl 2, 6-8). Ele nos propõe o uso do avental do servir na disponibilidade, e na generosidade, e ainda do comprometer-se com os mais necessitados e colocar-se em último lugar. Num mundo tão cheio de querer e pouco ser, colocar-se em último lugar é um ato duro e complexo, porém  tem que ser praticado. Pensamos em nossos desejos e fazemos muito para atingi-los, porém, a quais custos? Fico olhando as pessoas por aí e as situações que ocorrem diariamente, vejo cobiça, injustiça e desejos soberbos demais, como ter um olhar mais próximo de Deus e querer seguir seus passos com tanta ganância e falta de virtude?
Jesus usa instrumentos da cultura do povo: água e bacia. Repete um gesto que era feito pelos escravos ou pelas mulheres. Ele quer nos dizer que para anunciar sua proposta é preciso entender, conhecer, assumir o que o povo vive, sofre, sonha...
 E começou a lavar os pés dos discípulos. Para lavar os pés, Jesus se inclina, olha, percebe e acolhe a reação de cada discípulo. Com o lavar os pés, Jesus nos compromete a acolher os outros com alegria, sem discriminações, a escutar com paciência, a partilhar os nossos dons... Situações diárias de orgulho e egoísmos podem ser revividas e repensadas, ao invés de julgar, criticar, reclamar, porque não amar e perdoar. Simples gesto de educação como dar bom dia ou dizer obrigado, já não estão na ponta da língua das pessoas, quem dirá lavar os pés de pessoas que, depois, podem ser os primeiros a nos renegar?
 Jesus enxuga os pés calejados, rudes e descalços de seus discípulos. São muitos os gestos que Jesus nos convida a praticar para amenizar os calos das dores de tantos irmãos: visita a doentes e idosos, organizar-se para atender crianças de rua, uma palavra de ânimo a  quem sofre, sem falar, apenas ouvir...tente, pelo menos por hoje, esquecer a frase que sai com tanta propriedade e pocuo valor " e eu então..." Esqueça seu eu, e busque você no outro! Esse é o verdadeiro espírito do lava pés!

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