Algumas passagens dos últimos dias me trouxeram na memória
uma insegurança de minha adolescência... o medo de perder quem amo.
Passava muitas noites com aquele aperto no peito, uma
dificuldade de passar para o sono e pensamentos obscuros sobre uma vida sem
meus amores...pai e mãe, na época.
Com o passar do ano, os amores aumentaram...marido e filha,
mas o medo, foi sumindo, raramente esse pensamento volta a me atormentar. Acho
que comecei a aproveitar melhor meus dias, principalmente dando tudo que posso
para todos esses amores. Viver em dia com o amor nos torna menos culpados e
mais realizados.
No ano passado, quando descobrimos o câncer do meu pai e
depois de todo o processo cirúrgico, hospitalar e de recuperação, aquele medo
voltou um pouco, mas diferente de tempos atrás. Era um medo de ver quem se ama
sofrer e um acreditar em dias melhores que foi me deixando mais tranquila.
Não sei como aprendi a mudar esse meu medo, gostaria de
ensinar a quem ainda sofre, creio que
cada um de nós temos nosso caminho e ao longo dele aprendemos oq precisamos.
Hoje, esse medo passou por meus pensamentos, novos exames,
novas notícias e fiquei pensando, como lidar coma ausência de quem se ama?
Acho que o melhor a fazer é pensar no quanto do outro carrego
dentro de mim...
Das pessoas que amo, levo a cada novo dia, a determinação de
viver intensamente. Aprendi com eles a batalhar pelos sonhos, a correr em busca
de um ideal e não ter medo do trabalho.
Aprendi a ouvir mais e ponderar, as pessoas desse mundo
precisam de bons ouvidos e bons abraços, conquistamos amigos eternos assim.
Também aprendi, não tão feliz, que nem sempre o mundo nos retribui da mesma
forma. Vi o quanto as pessoas se doam e o tão pouco que recebem de volta,
contudo, conclui que é assim que conquistamos nossa paz interior, dando aos
outros aquilo que podemos e percebemos...receberemos um dia!
Por tudo que penso, a cada dia que lutei, a cada batalha que
venci, posso ver dentro de mim sementes que foram plantadas... antes de
qualquer decisão não posso deixar de pensar “Como será que agiriam? Que pensam
disso?” e assim, um novo broto surge e os traz de volta, para perto de mim...
É difícil se acostumar com a ausência, principalmente de quem
sempre se fez muito presente, com carinho, com palavras ou sem, mas com muito
valor... deve ser difícil!
Quem sou eu para dar esse título a um texto...acho que nunca
passei verdadeiramente por essa situação, contudo, minha imaturidade já me fez
passar por milhões delas e sofri igualmente, tudo dentro da minha mente.
No dia de hoje, tenho certeza que muitas pessoas sofrem uma
perda, sofrem por uma má notícia, por uma separação...por qualquer que seja o
problema, nenhum pode ser medido, depende de cada história... porém fico
compadecida com essa pessoas que se tornam mais vivas e mais desejosas de
viver...mesmo após longas caminhadas.
No fim, a gente se acostuma a muita coisa...precisamos criar
o hábito de nos acostumar a agradecer e estar ao lado de quem amamos, vivendo
dia a dia e colhendo as mais lindas sementes que podemos, para que um dia,
quando partirem, para semear em outros lindos campos, fiquem ainda, muita
flores para perfumar nossas vidas...
Um comentário:
Concordo Juliana!
Com o passar dos anos, de nosso aprendizado e até nossa evolução espiritual; aprendemos e encaramos nossos receios de maneira diferente, como também aprendemos a valorizar mais os momentos que passamos ao lado das pessoas que amamos!
Este é o segmento da vida (não menos doído) mas aprendendo a seguir em frente!
Bjs no coração, Lelê.
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